Estou a ler e recomendo a todos, especialmente aos professores bibliotecários. Partilho este pequeno extrato...
“Num surpreendente
anacronismo, Borges pressagia o mundo atual. É verdade que o conto possui uma
intuição contemporânea: a rede eletrónica, o conceito que agora chamamos Web,
é uma réplica do funcionamento das bibliotecas. Na origem da Internet havia o
sonho de acalentar uma conversa mundial! Era preciso criar itinerários,
avenidas, rotas aéreas para as palavras. Cada texto precisava de uma referência
– um link -,
graças ao qual o leitor
poderia encontrá-lo a partir de qualquer computador em qualquer canto do mundo.
Timothy John Berners-Lee, o cientista responsável pelos conceitos que
estruturam a Web, procurou inspiração no espaço ordenado e ágil das
bibliotecas públicas. Imitando os seus mecanismos, atribuiu a cada documento
virtual um endereço que era único e permitia alcançá-lo de outro computador.
Este localizador universal – chamado na linguagem de computador URL, - é o equivalente
exato código de uma biblioteca. Depois, Berners-Lee idealizou o protocolo de
transferência hipertexto – mais conhecido pela siglas http -, que funciona como
as fichas de requisições que preenchemos para pedir ao bibliotecário que
procure o livro desejado. A Internet é uma emanação – multiplicada, vasta e
etérea – das bibliotecas.”
Página 41 e 42 de “O
Infinito num Junco” de Irene Vallejo
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