domingo, 16 de maio de 2021

O Infinito num Junco

Estou a ler e recomendo a todos, especialmente aos professores bibliotecários. Partilho este pequeno extrato...

“Num surpreendente anacronismo, Borges pressagia o mundo atual. É verdade que o conto possui uma intuição contemporânea: a rede eletrónica, o conceito que agora chamamos Web, é uma réplica do funcionamento das bibliotecas. Na origem da Internet havia o sonho de acalentar uma conversa mundial! Era preciso criar itinerários, avenidas, rotas aéreas para as palavras. Cada texto precisava de uma referência – um link -,

graças ao qual o leitor poderia encontrá-lo a partir de qualquer computador em qualquer canto do mundo. Timothy John Berners-Lee, o cientista responsável pelos conceitos que estruturam a Web, procurou inspiração no espaço ordenado e ágil das bibliotecas públicas. Imitando os seus mecanismos, atribuiu a cada documento virtual um endereço que era único e permitia alcançá-lo de outro computador. Este localizador universal – chamado na linguagem de computador URL, - é o equivalente exato código de uma biblioteca. Depois, Berners-Lee idealizou o protocolo de transferência hipertexto – mais conhecido pela siglas http -, que funciona como as fichas de requisições que preenchemos para pedir ao bibliotecário que procure o livro desejado. A Internet é uma emanação – multiplicada, vasta e etérea – das bibliotecas.”

Página 41 e 42 de “O Infinito num Junco” de Irene Vallejo

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