segunda-feira, 17 de setembro de 2012

"Ser professor é um inferno"

Alunos sem esperança, professores ansiosos, ensino bafiento e uma escola que não serve os interesses das crianças e jovens nem os do país. Sérgio Niza dedicou a vida à educação e não se conforma com o estado a que a escola portuguesa chegou. Mas há soluções, diz ele.
Professores insatisfeitos, pais preocupados e alunos que acham as aulas uma maçada. O que é que se passa com a nossa escola?
_Esse é o retrato da escola portuguesa e da generalidade das escolas dos países ocidentais devido à forma de organização do trabalho. A estrutura de ensino simultâneo - todos a aprender a mesma coisa ao mesmo tempo - vem do século xvii e ainda perdura apesar de se saber desde os anos vinte do século xx que é um modelo esgotado. O professor dá uma lição, depois faz uma pergunta, escolhe um aluno para responder e avalia o trabalho substancial que é feito em casa. O principal problema da escola está neste modelo de não-comunicação em que o professor usa mais de três quartos do tempo da aula para falar sem que os alunos participem ou estejam envolvidos. Assim não há diálogo possível. Poderá algum jovem ou criança suportar isto?



(...)
 Porque é que os professores não mudam as práticas dentro da sala de aula? 
Os professores foram ensinados de determinada maneira e tendem a replicar o modelo que conhecem. Por outro lado, esta forma de estar na escola tornou-se tão natural que alguns professores até pensam que é a única. Mas não. Temos de ter consciência do que se passa na generalidade das escolas para perceber porque fracassámos e querer mudar. Porque há soluções.

Não perca a leitura desta entrevista.

Novo ano letivo com menos alunos e menos professores

Novo ano letivo em números:
  • quase dois milhões de alunos;
  • nova estrutura curricular, exames para o 4º ano, mais alunos por turma e um novo Estatuto do Aluno, que prevê uma penalização para os pais pelo comportamento dos filhos;
  • uma prova final de ciclo para os alunos do 4.º ano, a Português e Matemática, no início do terceiro período, com ponderação de 25 por cento, passando a valer 30 por cento na nota final do aluno a partir do ano seguinte, tal como as restantes provas e exames;
  • prolongamento do tempo escolar, até julho, para ajudar os alunos que evidenciem dificuldades em transitar para o 2.º Ciclo;
  • a reforma curricular está a concentração nas disciplinas fundamentais: Português, História, Geografia, Inglês, Matemática e Ciências; antecipação de Tecnologias da Informação e Comunicação para o 7.º ano; o fim de Estudo Acompanhado e Formação Cívica; a divisão de Educação Visual e Tecnológica em duas áreas, cada uma com um professor e o fim de Educação Tecnológica nos 7.º e 8.º anos;
  • as escolas ganharam autonomia para organizar a carga letiva dentro de limites máximos e mínimos definidos, sendo da sua responsabilidade a duração de cada aula.
Fonte: Lusa