terça-feira, 6 de maio de 2008

O professor do campo e o professor da cidade

Era uma vez um professor que ensinava no campo. O seu trabalho corria debaixo de uma felicidade e alegria contagiantes. Convidava os seus alunos a respirar o ar saudável do campo, abrindo as janelas da sala. Incentivava-os a mergulhar no silêncio de forma a poderem captar toda a vivência terrestre que os rodeava. Irmanava-se com eles na absorção dos cheiros que chegavam das cercanias.



A vida de professor e alunos era harmoniosa, trabalhosa e produtiva. O professor sentia-se livre e orientava os seus pupilos pelo caminho dos saberes e estes correspondiam positivamente. Professor e alunos conseguiam ignorar a falta de meios e instrumentos que podiam contribuir para a suprema felicidade escolar.


Era uma vez um professor que ensinava na cidade. Fechava as janelas da sala para impedir que o reboliço citadino impedisse a aquisição de saberes. Fechava as janelas para que a poluição não contaminasse as mentes sãs e ingénuas daqueles que queriam aprender mais...



O professor sentia-se um prisioneiro do espaço e dos saberes. Este espaço condicionava a aprendizagem pois não era livre, logo fragilizava a imaginação tenra.
Apesar de tudo alunos e professor conseguiam superar as dificuldades e iam aprendendo.
Um belo dia chegou uma ratazana feroz, devoradora e castradora das aprendizagens e em pouco tempo destruiu o professor do campo e o professor da cidade.
Os alunos sentiam-se perdidos, pois assistiam à chegada do ser ameaçador e mostravam-se impotentes para defenderem os seus mestres. Estes continuavam o seu trabalho, contudo manifestavam tristeza, perturbação, frustração, desânimo e pouca vontade e felicidade naquilo que faziam.
No entanto os mestres sabiam que a ratazana se mostrava imune às doses de veneno que ia recebendo. Porém quando tudo parecia certo e definitivo o bicho feroz e destruidor começava a dar sinais de perturbação. Serão as doses de veneno que a trazem neste estado...


A. Serip

Sem comentários: